NUVENS



   E no meio dos meus pensamentos, escuto a voz do tempo, que vem  como um sussurro leve. Deixo o vento e as flores levarem toda lembrança amarga. Deixo as lágrimas descerem em meu rosto para que escorram até a terra e façam nascer novos jardins. Amanhã, talvez, eu não esteja aqui; amanhã, talvez, seja o hoje. Vejo nos céus as nuvens transformarem-se em imagens. Imagens que crio na minha mente desde a infância.

  Eu era só uma menina e corria nesse jardim. Lembro-me da voz doce de minha mãe me chamando. Depois, juntas, cantarolávamos uma canção, que dizia:

 “Linda Isabella foi desejada e nossa vida transformou. Bella, Isabella  fostes criada por nosso amor.”

 Tudo era tão fácil naquela época, os sorrisos ecoavam nesse jardim. E os pássaros voavam livres, sem medo, fortes. O ontem também é bom. Talvez, meus pensamentos, algumas vezes ainda vão em lugares errados. Por que essa vontade de chorar permanece, hoje, em mim? Escuto minha gargalhada ecoando, eu só era uma menina de fita no cabelo, que tentava alcançar borboletas com as mãos. Ah meus oito anos, que saudades!!

  As nuvens ainda fazem desenhos e vejo agora um coração abrir-se, suspiro de contentamento. É o meu coração, ele se expande e quer alcançar o mundo. As tempestades não tem forças para arrastá-lo. Ele parou no meio do céu. É incrível, as nuvens, ao redor, se unem, tentam derrubá-lo. Mas ele está firme, juntou as pontas, trancando toda passagem, agora. Até pouco tempo, ele deixara uma fresta e estava sendo levado pelo vento. Mas, agora, está ali, no meio do céu, rodeado por pássaros e recebendo o calor do Sol. A voz que escuto é familiar, agora.

“Isabella, o que faz ai amor?” 

“Estou sonhando, querido, imaginando a guerra que travei até encontrá-lo. Deite-se comigo aqui no jardim, observe o céu, o que vê?”

“Vejo uma mulher, ela tem o brilho do sol e é bela como a lua. E seu nome está escrito em suas formas: Isabella, Bella, a mulher que amo.”

  Do rosto de Isabella, então, desceu uma lágrima, a lágrima mais feliz de todos os seus dias. Ela sentia vontade de chorar, mas de felicidade!

“No céu, vejo meu coração e dentro dele vejo você!”

 Olhou, então seu amado sorriu ternamente, levantou-se, segurou-lhe a mão e seguiram, sendo guiados pela luz do Sol.




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