Postagens

Postagem em destaque

O LABRADOR

Imagem
“As paredes ficaram cinzas, a cama transbordou do vazio, as delícias murcharam e até o labrador emudeceu de tristeza. ” Ele emudeceu, paralisou ou talvez esteja velho, por mais que eu faça e por mais que algumas vezes até consiga ver o brilho do seu olho radiante, logo tropeça em seus segredos e cabisbaixo afasta-se. Tenho pensado que isso acontece desde que ela... Não quero falar dela, foi-se, partiu e não quis deixar rastros, porém, não posso culpá-la eu sempre soube, eu sempre soube! Mas o labrador não sabia, e em nenhum instante ele foi informado que aquela que ele instintivamente, achava ser mãe, partiria. O que ele sentia era o cheiro dela rodeando toda casa e nos olhos a tristeza de não ver seu semblante, quando chegava todas as tardes e sorrindo o acariciava. Às vezes iludido pelo barulho de alguns passos que viam nas calçadas corria ao portão, feliz, em saltos na esperança de encontrá-la, mas não era nada, não era ela e aqueles passos, aquela sombra

MULHERES FORTES

Imagem
  MULHERES FORTES Texto: Lene Dantas Voz: Patricia ReAl e Claudir Gomes Voz Conto baseado em fatos reais. Um pouco de Marcia Luiza “Hoje com o coração limpo de todos os sentimentos negativos posso dizer eu superei, superei um dor que eu achava ser infinita. Superei...Sim...tenho um baita orgulho de tudo que tenho dentro da minha casa. Foi comprado com meu dinheiro. Tenho orgulho da mulher forte que me tornei. Os anos...Sim...eles chegam, e nos dão mais vida, pois temos a certeza que tudo passa muito rápido. E eu quero deixar meu legado na vida das pessoas que eu tocar...e que isso sirva de exemplo para as mulheres que tem medo de deixar uma vida submissa...eu não imaginava a força e o potencial que eu tinha. Então, você também tem. Chame Deus pra te acompanhar e vá à luta, vá ser feliz. A paz é a alma dizendo que está tudo bem.” ------- “Confessa! Confessa! Confessa! Você acha que eu não sei? Você acha que sou o quê? Confessa.” Dizia enlouquecido de ciúmes. O que eu falo? O que devo

MULHERES FORTES

Imagem
  TEXTO : Lene Dantas. VOZ: Patricia ReAl  Este conto é baseados em fatos reais. Um pouco de Cida Pio Cida Pio  “Por muitas vezes eu pensei em abandonar meus filhos, com uma família que pudesse dar alimentação e conforto  Mas eu olhava para o rostinho deles e pensava que ninguém melhor do que eu pra dar o conforto do amor para eles... Nesses momentos eu pedia a Deus que me transformasse em uma fera ou em uma máquina que não sentisse dor ou cansaço E assim criei todos os 4 com amor e carinho.” Foi quando tudo voltou, foi quando tudo voltou e ao mesmo tempo deixou de ser. Nas manhãs ainda olhava meus filhos dormindo e quem dera se pudesse ficar mais um pouco, quem dera pudesse dividir um pouco do dia com eles. No caminho pensava no Tiago com 11 anos e aquela responsabilidade de cuidar dos irmãos. Pensava em como iriam acordar. Deixava a alimentação pronta, deixava a casa em ordem e ia, ia levando todos eles comigo. Fazia cinco quilômetros de bicicleta até o trabalho, as vezes em dias de

DIA DE FEIRA (Cheiro de Maça)

Imagem
DIA DE FEIRA (Cheiro de Maça) "Senti cheiro de maça na hora que beijei o seu rosto. Senti cheiro de maça. Estava tão perto, tão perto que perdi o jeito de dizer, não tive coragem.” Ele olhou e sorriu. Isso foi antes, antes da pandemia. Era sábado e a feira estava cheia de gente. Gente que andava por todos os lados. Alguns apressados, mal olhavam quem passava. Na primeira banquinha, estava a irmã Nair, como ela gritava, toda hora ela falava: “Olha o pratinho minha gente. Tem vatapá, tem paçoca, tem creme de galinha. E soltava uma alta gargalhada quando via um conhecido, intimando para que comprasse. Sempre com o sorriso no rosto, unhas feitas, cabelos arrumados. Mas, tinha olhos tristes. Quando calava, tinha um olhar mudo de quem não sabia bem o que fazer. As vezes sorria sem sorrir, e dizia sem dizer. Mas quando esquecia por um pouco, aquela angustia de dias difíceis ela agitava sua banca e não tinha quem passasse que ela não observasse. A voz rouca, de longe se ouvia: “Co

DEZ FILHOS

Imagem
TRECHO DO CONTO DEZ FILHOS (...) Manuel tinha dez filhos, dez filhos! E ainda diziam que terá o próximo e Manuel, ele com o ar garboso dizia : Eu faço ! Mas , era cheia a casa, um corredor e vários quartos e a esposa , coitada , não tomava comprimido. "Não posso, fico doente" E ia parindo e os filhos se perdendo entre os corredores. Manuel , já nem sabia quem era um nem outro. Apenas gritava : " Vem cá menino". E vinham um, dois, três. "Vai comprar feijão, um quilo de feijão e frango , que é mais barato." Era hora que os meninos , corriam na rua satisfeitos. Porque Manuel, não sabia o nome de cor de nenhum, mas na hora que contava , tinha que ter os dez. Dez filhos, e a esposa inerte e muda. Nem apelo fazia , apenas aceitava ser como era . Como uma dívida no tempo. Nem sorria , nem chorava. Só esperava o próximo. O próximo filho e ela nem sabia dá amor. Amor que também nunca teve. Mas sentia, sentia um aperto no peito de não saber como parar. Tinha q
Imagem
Cuidado com o que você faz, tudo traz consequências. As palavras dizem muito mas as suas ações, elas gritam! Lene Dantas

VERDADES

Imagem
Pensava em ser e sabia que era, mas ainda não sabia o que podia ser ou encontrar em torno de seus esconderijos estranhos. Não tinha pretensão de ter ou ser mais que alguém, e nem tinha vontade de sucumbir a desejos antigos, por tortas ou meias palavras que, paralelamente, sempre chegam trazidas por abutres. Em casa, às vezes, sentia-se acolhida; outras, sentia-se sufocada, ainda assim gostava de sua casa, do jeito que as paredes olhavam-na, gostava do cheiro que vinha do quarto e gostava de seu banheiro. Não tinha muito que dizer de si, talvez nunca precisasse falar de si e nunca enxergou que precisavam enxergar-lhe. Às vezes, tolhida, amedrontada, amontoada. Às vezes, nem entendia porque queria ser o que ainda não sabia, mas queria de um jeito estranho chegar a lugares não conhecidos, onde seus sapatos não conheciam o pó e, por mais que, às vezes, sentisse ser varrida de um lado para o outro, de cima para baixo, por mais que, muitas vezes, tenha se deixado assim, ainda ouvia o can

Lene Dantas/ FB

Imagem