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Mostrando postagens de setembro, 2012

RO-SA-NA ( O leite ou o vinho?)

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Eu  —   Ao invés de uma, sou duas. Não duas. Digo melhor, seria muitas. Agora, estou sentada a mesa, tenho leite e vinho diante de mim. O que deverei beber? Se eu beber o leite, fortaleço meus ossos, antes que eles decomponham-se aqui e como cinzas fúteis e velozes, misturem-se a todo invisível que permeia esse ar, esse ar tão meu e tão de outros. Pergunto-me: Como serei apenas uma, se respiro os outros? Respiro minha vizinha que me observa todas as tardes , quando me dirijo calmamente à área de estar, para saciar a sede de minhas rosas. Respiro os olhos inquietos do meu chefe, que moribundo, hipocritamente pergunta-me se está tudo bem, sem nem ao menos esperar, que eu, entre um segundo e outro, abra meus lábios e insinue um simples sorriso corado, e o fale, o que entala meu paladar, toda vez que tento engolir seu sorriso ironizado. Respiro a orquestra de sussurros entre olhos, ao entrar cedo pela manhã num ônibus lotado, onde procurando calmamente um espaço, único e meu, eu fiq

O LABRADOR

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“As paredes ficaram cinzas, a cama transbordou do vazio, as delícias murcharam e até o labrador emudeceu de tristeza. ” Ele emudeceu, paralisou ou talvez esteja velho, por mais que eu faça e por mais que algumas vezes até consiga ver o brilho do seu olho radiante, logo tropeça em seus segredos e cabisbaixo afasta-se. Tenho pensado que isso acontece desde que ela... Não quero falar dela, foi-se, partiu e não quis deixar rastros, porém, não posso culpá-la eu sempre soube, eu sempre soube! Mas o labrador não sabia, e em nenhum instante ele foi informado que aquela que ele instintivamente, achava ser mãe, partiria. O que ele sentia era o cheiro dela rodeando toda casa e nos olhos a tristeza de não ver seu semblante, quando chegava todas as tardes e sorrindo o acariciava. Às vezes iludido pelo barulho de alguns passos que viam nas calçadas corria ao portão, feliz, em saltos na esperança de encontrá-la, mas não era nada, não era ela e aqueles passos, aquela sombra

OS OVOS QUEBRARAM

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“Os ovos quebraram” Louca, louca repetia. Logo hoje que precisava de três ovos para fazer o bolo de aniversário de seu marido Afonso. Como pode a Matilde deixar uma caixa inteira de ovos cair, mas que será que ela pensa enquanto perde-se naquela cozinha? Mês passado no casamento da Juliana foi o brigadeiro que ela espatifou ao chão, agora os ovos e eu como sempre tenho que resolver tudo!E minha roupa? Será que ela passou? Acho que mandarei Matilde embora, ela já não faz nada direito, deve ser aquele novo namorado que ta virando de jeito à cabeça dela. Arruma  a bolsa para que fique com o zíper pra frente, puxa um pouco a camisa branca e endireita o óculos na cabeça. Essa rua é perigosa. Nunca fui assaltada porque estou sempre atenta! Mas, ultimamente perde-se em pensamentos tolos e enquanto aguarda o ônibus pensa em Matilde e nos ovos quebrados. Suspira , suspira como se os outros ao redor soubesse o que lhe incomoda, como se suspirando partilhasse sua dor, observa a