MEDO
A tarde despedia-se e eu, junto com dois amigos, caminhávamos aflitos num calçadão em frente ao mar. Sabíamos que alguém nos perseguia, a ansiedade apertava o coração, os passos eram ligeiros, olhávamos para trás compulsivamente. Aos poucos, nos afastamos do mar, das ondas que falavam idiomas estranhos, do calçadão que ficava mais longo a cada passo que dávamos, dos coqueiros que estavam inertes no meio do caminho. A lua veio misteriosa e agora as estrelas pareciam nos espionar. Entramos numa rua solitária e caminhamos para um abrigo. Ninguém falava nada, o medo ameaçava nos entregar. Encontramos um abrigo, uma casa pequena com portas sem trancas. Não me senti segura ali e me incomodei com o pouco caso que meus amigos fizeram da situação. Pararam, sentaram-se, conversaram e, na rua, lá fora, pessoas nos perseguiam, nos procuravam como condenados. Condenados inocentes de um pecado desconhecido. Eu estava ansiosa, sabia que eles iriam nos encontr