A MENINA MÁ QUE ROUBAVA PENSAMENTOS
O dia estava tranquilo e o vento suavemente balançava as folhas das árvores do Bosque, crianças passeavam alegremente, corriam e cantarolavam aproveitando o lindo fim de tarde, todas sorriam, todas pareciam não ver nada ao redor, todas falavam, falavam e falavam, a não ser Júlia, que não tinha mais que doze anos e escrevia o tempo todo no bloco de papel que trazia nas mãos; vez por outra, olhava atentamente para as pessoas ao redor e rapidamente voltava a atenção para as notas que fazia. Na escola, Júlia sempre se sobressaía entre seus colegas, aparentemente era melhor em tudo. Raramente sorria e o mesmo, quando vinha, era triste, um sorriso ensaiado dissimuladamente para agradar a quem visse. As árvores do jardim a observavam e falavam entre si, Júlia aproxima-se como quem escuta o que conversam. Elas calam-se, assustadas com a presença da menina de olhos impactantes, de sorriso amarelo. Ela olha a árvore maior, passando a mão sobre ela, mais com desconfiança do que admiração.