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MULHERES FORTES

 


MULHERES FORTES
Conto baseado em fatos reais.
Um pouco de Marcia Luiza
“Hoje com o coração limpo de todos os sentimentos negativos posso dizer eu superei, superei um dor que eu achava ser infinita. Superei...Sim...tenho um baita orgulho de tudo que tenho dentro da minha casa. Foi comprado com meu dinheiro. Tenho orgulho da mulher forte que me tornei. Os anos...Sim...eles chegam, e nos dão mais vida, pois temos a certeza que tudo passa muito rápido. E eu quero deixar meu legado na vida das pessoas que eu tocar...e que isso sirva de exemplo para as mulheres que tem medo de deixar uma vida submissa...eu não imaginava a força e o potencial que eu tinha. Então, você também tem.
Chame Deus pra te acompanhar e vá à luta, vá ser feliz.
A paz é a alma dizendo que está tudo bem.”
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“Confessa! Confessa! Confessa!
Você acha que eu não sei? Você acha que sou o quê?
Confessa.” Dizia enlouquecido de ciúmes.
O que eu falo? O que devo dizer? E se eu o enfrento? Não tenho o que confessar. Pensava atordoada.
“Você é minha, você não entende isso? E essa alegria toda pela casa? Encontrou outro? Acha que sou Palhaço?” Repetia vez após vez.
“Fique calmo, não pense bobagem.” Dizia apavorada. Uma mistura de medo, de dor, de tristeza.
Amanhecia, amanhecia em casa. Mas dentro o peito estava escuro. E ouvia passos lentos em sua direção. Tocava seu cabelo dizendo:
“Bebezinha, me perdoe! Você é linda, a mulher mais linda do mundo, tenho medo de te perder, por isso sinto ciúmes. Me perdoe!” Entregava um presente e achava que estava tudo bem.
Foi quando comecei a me perguntar, foi quando me indaguei se eu queria essa vida para mim. Eu não podia sorrir, não podia ter amigos, não podia vestir ou andar como queria, pois tudo era motivo para dizer que eu queria trai-lo. Não podia ao menos ficar próxima da minha família, das pessoas que amava, nem recebe-los em casa. Como quando minha afilhada pediu para ir me visitar. E ele em surto me disse:
“Não quero ninguém aqui, eu banco, eu pago. E aqui ela não vem”
Quando saí de Mato Grosso para viver com ele, achei que era a porta para tudo que sonhei, para minha felicidade. Sai em busca de um sonho, mas mal eu sabia que não era bem um sonho que eu iria viver. Sim, em algumas vezes tudo foi bom, foi maravilhoso, foi dias de risos. Porém os risos foram sendo trocados por soluços abafados cada vez que ele me privava de ser eu mesma. Cada vez que me olhava de forma ameaçadora, que me julgava, que me diminuía...E meus sonhos, tão cheios de graça me chamavam o tempo todo e eu queria, queria encontrar a porta certa. Ás vezes me perdia em pensamentos. Como ter coragem de assumir para o mundo que eu não era feliz. Como voltar sem nada, sem rumo, sem saber se vou encontrar um abraço verdadeiro na terra que eu deixei? E assim os dias pesavam. Assim me dividia entre a razão, a emoção.
Pois eu o amava. O amava de uma forma que muitas vezes pensava que talvez eu pudesse fazer algo. Talvez ele não fosse tão possessivo assim. E comecei a achar desculpas para os erros dele. Comecei a tentar achar meios para que ele não fosse culpado, pelo o que realmente ele era. E quando eu pensava em sair, quando pensava em mudar, escutava a voz dele como eco em meus ouvidos:
“Você tem quase 50 anos, você vai passar fome. Você não é capaz, pensa que a vida é fácil? Você vai fazer o quê?”
E amedrontada, desistia. Pois muitas vezes achava que não conseguiria.
A convivência não era fácil, nem com ele, nem com a família dele. Tentei fazer minha parte, apesar de não ser perfeita, hoje sei que dei o melhor de mim.
O que mais me machucava é que quando o olhava, eu desejava que ele mudasse, desejava que ele me permitisse amá-lo por muito mais tempo. Mas os dias foram me cansando e fiquei numa prisão, como se ser mulher me privasse do existir. Como se ser quem eu sou, fosse um pecado, ou uma vergonha. Ele não me deixava ser eu mesma. Estava desencontrada, mas me encontrei.
Sai de casa ...
Sai com a roupa do corpo.
Sai de um relacionamento que sofri violência psicológica, verbal e patrimonial. Me virei do avesso. Eu queria ser feliz, queria vencer, queria ter a chance de levar uma vida que eu pudesse dizer: Eu sinto paz!
Procurei meios, fiz vários concursos. Fui aprovada em um concurso em Confresa/Mt onde moro até hoje. Trabalho no que gosto, no que consegui com meu esforço. No início precisei fazer brechó das minhas roupas para poder comer. Mas não me arrependo, pois foi assim que encontrei o que eu tanto desejava, me realizei como pessoa, me vi humana, me vi digna.
Tenho a graça dos que buscaram no meio dos espinhos forças para seguir. Eu estou viva! Estou vivendo um dia de cada vez e sinto que sempre posso mais um pouco. Foi fácil? Não. Doeu em todas as fases e as vezes uma lágrima ainda me pega desprevenida. Mas continuo, continuo e continuo...”
Parece que as vezes é um mundo inventado, um mundo criado para mulheres, você cresce aprendendo que tem que cuidar, tem que amar, mas em um piscar de olhos, isso tudo desmorona. Você se encontra com mascaras que caem e se culpa por escolhas erradas. Mas não é apenas isso. Não é que você não tenha capacidade, ou que você não mereça. Errar também nos faz crescer. Pegar o caminho errado nos faz entender o que é o certo. A gente não pode é perder nossa identidade. Não pode deixar de sorrir porque alguém te obriga a chorar.
Ainda existe dores que aos poucos vão sarando em Márcia e na verdade a estrada vai sarando todos os dias um pouco a cada um de nós.
Mas sabe o que separa quem vence e quem perde?
É a coragem! Se a vida te fecha uma porta, tenha coragem e pule a janela.
Tem um horizonte lindo te esperando, tem um Sol lá fora esperando seu sorriso e uma noite estrelada dizendo: Você nunca está sozinho!

Lene Dantas.

Marcia Luiza, mãe de:
Igor Felipe do Amaral Souza e Gabriel Felipe do Amaral Souza
Neto: Levy Santana do Amaral.
Nora: Carol Amaral
Mora em Mato grosso

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