Doce Lembrança





Ora, tudo ainda estava ali. Mas só agora, é que tudo estava claro. Ainda apertava-se em alguns fragmentos de lembranças, mas essas eram recebidas com tranqüilidade. No labirinto que se perdeu começou a achar-se, tudo era mais suave, mais feliz.

Hoje se lembrou de algo como planejar o desejado. Certa vez, leu que deixar de desejar é a melhor solução para sentir a paz que os que têm expectativas frustradas não têm.

”Sim; Não se deve planejar o desejado.”

Não sabia se estava certa, mas decidiu seguir assim, embora á um tempo atrás não tivesse forças para desejar não desejar. Sorriu! Sorriu, pois se lembrou. E começou a contorcer-se em saber se fez bem em desejar ou não. Então, para não sofrer com a ansiedade do que já passou, apenas resolveu seguir cultivando, regando e quem sabe colhendo.

A vida agitava-se ultimamente deixando a inércia de dias. O que era bom, pois facilitava a escolha das portas. A saída de suas prisões. Essa poderia ser sua chance de descobrir-se; No entanto, de certa forma, isso a amedrontava e secretamente calculava o que iria encontrar. Apertou-se mais uma vez em seus pensamentos inúteis e fúteis. Pensamentos que agora não cabiam mais no que ela devia construir. Então, como por um impulso, balançou a cabeça para livrar-se deles. Deixando-os.

Era incrível como conseguia saber o que deveria ser, mas era intuitivamente impulsiva em suas ações. Corria o tempo todo, até para fazer coisas simples. Corria, mesmo quando precisava ir devagar.

Sim. Mas e agora que tudo deixou de ser? Agora! A música toca! A música toca e ela é a lembrança de um tempo doce, doce. Um tempo doce, que poderia ser tranqüilo. Sendo assim, para não lembrar-se da agitação dos dias, o melhor é apenas lembrar-se do som suave da música. E repetia algumas vezes:

"O som da canção toca meu coração e traz uma doce lembrança.”

Agora é o tempo de lembrar apenas do doce.

Prosseguiu caminhando; Dessa vez sem calcular, dessa vez sem expectativa. E lá, onde não esperava sentir o aroma das flores, tornou-se uma delas.

Lene Dantas



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